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22h _ 04h |
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Com Zona de Fumadores |
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Beco de Passos Manuel |
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Porto |
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Variada |
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n.d. |
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A maior discoteca gay do Porto! |
Levar o público "homo" do Porto a sair do armário e entrar no beco. Este parece ser o objectivo da Zoom, discoteca GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que inaugurou com brilho no Beco de Passos Manuel, no passado dia 4. Após a transformação de um recanto urbano - em que ninguém reparava - num beco "com saída", nada será como dantes para os frequentadores da noite portuense. Se até aqui os poucos destinos conotados com a franja GLS tendiam a converter-se em pequenos guetos de lascívia e rédea solta, agora há um espaço que não só foge aos estereótipos do género - shows de travestis, música histérica, gosto pela decadência - como proporciona um convívio saudável entre gente de todas as orientações sexuais. A discoteca, grande, adaptada de um antigo armazém, apresenta uma decoração sofisticada, em cujo tom predominantemente frio, com detalhes, digamos, fetichistas, se intromete um elegante mobiliário vintage. O enorme pé direito permite a existência, sobre a generosa pista, de uma espécie de pontes onde actuam o DJ e os animadores de serviço, bailarinos e/ou strippers de ambos os sexos, atraindo o olhar (e molestando o pescoço) de quem dança cá em baixo. Noutra dessas pontes, a única a que os clientes podem aceder, funciona uma sucursal da sex shop Casa de Eros. Os bares, dois, diagonalmente dispostos, sinalizam os extremos da pista. Antes do primeiro está a sala de entrada; depois do segundo está outra sala, do que se quiser - há quem diga que é de fumo, mas pode-se fumar na discoteca inteira. As casas de banho são como bunkers, blindadas por portas grossas e, lá dentro, amplas e confortáveis, na fronteira do pecado. Talvez resida aí a explicação do crucifixo metálico que domina a parede exterior. No que respeita à clientela, o diagnóstico, naturalmente precoce, não pode deixar de apontar para uma evidente maioria gay. Por enquanto, a Zoom ainda é GLS. Dentro do G, em contrapartida, impera a transversalidade. Entre as mulheres, são mais detectáveis os "bichos da fruta" (aquelas que andam sempre rodeadas de gays) do que as lésbicas, mas nada que o tempo não possa mudar. Mais do que tudo, importa saudar a chegada à noite portuense de um sítio temático onde, apesar da orientação assumida, ninguém tem razões para se sentir discriminado. A música, não sendo nada de fantástico, cumpre o propósito de criar um ambiente vivo e dançável - primeiro uma pop selecta, depois um house em crescendo, da frescura do início dos anos 90 para as vertentes tribal e progressiva -, o que faz também da Zoom uma alternativa séria aos vizinhos Pitch e Gare e, nesse sentido, o vértice final de um interessante triângulo (amoroso ou não, logo se verá) na Baixa do Porto |